Depois do Eden e das cobras, …um “felino” pensado unicamente para a barreira da velocidade, mas que, como Icarus, queimou as suas asas…O clube de sábado, Um design inovador, um único objetivo…O projecto Jaguar XJ 220 começou a ser realizado em finais de 1984 por uma equipa autónoma de projectistas e engenheiros no seio da Jaguar Cars liderada por Jim Randle e que foi rapidamente apelidada de, o clube de sábado, “The Saturday club”,. Na realidade assim se chamou pois sendo um projecto autónomo e quase um exercício de estilo, esta equipa desenvolveu grande parte da concepção do XJ220 nas horas vagas e em sábados intermináveis. Após este notável esforço e amor à causa, o XJ220 foi finalmente apresentado no British Motor Show em Birmingham UK em 1988, como um concept car, um exercício de design com o único objetivo de bater o Recorde de velocidade de carros de estrada, e ultrapassar a barreira, das então míticas, 220 milhas por hora (354 km/h)… daí o seu nome.
Para este objectivo o clube de sábado, projetou um carro utilizando o motor V12 “da casa”, um sistema de tracção integral, e especialmente um fundo aerodinâmico, que constituiu na altura, uma grande inovação aerodinâmica proveniente do desenvolvimento aerodinâmico dos sport protótipos. Contudo este projecto não se iria realizar nos moldes planeados e iria mesmo sofrer uma surpreendente Metamorfose.
Metamorfose …. Da criação à construçãoApós a apresentação do novo concept car da Jaguar em Birmingham, (do qual seria apenas produzido 1 unidade), surgiu, para grande espanto e surpresa da Jaguar Cars, um grande e inesperado interesse que superou todas as expectativas.
De tal modo que a Jaguar Cars e a TWR (Tom Walkinshaw Racing - o departamento de competição da Jaguar), começaram de imediato a estudar a possibilidade de produzir o XJ 220 numa serie limitada a 350 unidades por forma a satisfazer a procura verificada.
Mas para o produzir em serie seria necessário pensar em custos, produção em série, planos de manutenção, linhas de montagem, instalações industriais, e consequentemente alterar substancialmente o projeto do próprio carro. Começava então a metamorfose…
Deste modo citando apenas as transformações mais importantes, o motor V12 atmosférico seria substituído por um V6 sobrealimentado (bi-turbo) proveniente da competição, a tracção integral foi abandonada (para grande desanimo da equipa de projeto), todos os sistemas eletrónicos ainda em desenvolvimento como controlo de tracção e ABS foram também descartados.
A carroçaria foi alterada para facilitar a construção e manutenção do carro, e as portas de abertura em tesoura (similares ao Lamborghini Contach) seriam também elas preteridas por umas portas de abertura convencional. Na essência, o chassis e as características aerodinâmicas (de grande importância para todo o conceito do projecto) são quase integralmente preservadas; mantem-se a distância entre eixos relativamente longa (se reparamos o motor anda a “nadar” no compartimento, uma vez que o V6 é consideravelmente mais curto que o V12) o fundo aerodinâmico é redesenhado e desenvolvido e por fim o desenho de toda a parte posterior da traseira e do “aileron” serão igualmente mantidos.
Em suma Todo este processo de metamorfose, de concept car para uma variante de estrada de um carro de competição de grupo C, acabou por ser bem sucedido, e a produção “em serie” inicia-se em 1990, sendo as primeiras unidades entregues 1992.
O inferno verde e as Asas de IcarusEm 1992 John Nielsen (vencedor de Le mans em 1990 com a Silk Cut Jaguar) conseguirá um importante record no circuito nordschleife nürburgring abordo de uma das primeiras unidades de teste do Jaguar XJ220. Com o tempo de 7 minutos e 46,37 segundos, Nielsen deteve durante 8 anos (1992 / 2000) o record para carros de estrada desta mítica pista mais conhecida como o Inferno Verde. Esta clara demonstração de velocidade e superioridade tecnológica, não seria ainda suficiente faltava ainda o verdadeiro “gral” …O objectivo 354,0.
Na realidade, atingir, ou mesmo ultrapassar, as 220 milhas por hora (354 km/h) e posicionar-se como o automóvel de estrada mais rápido até então construído, era para a jaguar o verdadeiro objectivo por forma a lançar-se no mercado de super desportivos destronando assim o seu eterno rival e a sua última criação; o fantástico Ferrari F40.
Para este feito a jaguar desloca-se em 1992 para Nardo Ring (pista italiana para testes de alta velocidade) e recruta Martin Brundle, outro piloto da Silk Cut Jaguar, com a missão de atingir os “obsessivos” 354,0 km/h.
Mas, apesar de retirarem os catalisadores, aumentando assim em 60cv. a potência disponível para valores próximos dos 600 cv, o XJ220, alcança apenas a “modesta” velocidade máxima de 349 km/h. (217 mph) falhando o seu propósito único. E como icarus, tao próximo do sol …. Acabou por cair num relativo esquecimento, ficando então, e hoje, à sombra do seu rival … F40.
Acrescente-se ainda que nos meses e anos seguintes (a 1992) verificou-se uma acentuada quebra no mercado dos super desportivos o que originou inclusivamente a desistência de muitas das ordens de compra. O XJ220 ficou a navegar em terra de ninguém, sem compradores dispostos a despender o exclusivo montante de (sensivelmente) 500.000 €, fazendo com que a jaguar, com considerável prejuízo, chegasse mesmo a reduzir a produção para apenas 281 unidades das 350 inicialmente planeadas.
Não obstante a sua metamorfose em Grupo C “travestido”, o seu recorde no inferno verde, a sua prodigiosa velocidade pura em Nardo, e o seu aero design único, o Jaguar XJ220 permanece num vago desconhecimento, e na relação directa com o seu rival… não alcançou o sol … nem voou mais alto…
Ficam aqui algumas fotos do 1/1 nas 2 cores mais comuns





Especificações (specs)Carro criado para bater o recorde de velocidade em carros de produção
Motor V6 3.500 cc Bi-turbo Garret T3 (com inter-coolers) desenvolvido pela TWR Tom Walkinshaw Racing numa base cosworth depois de em 1987 ter comprado os direitos e o motor do MG metro 6R4 grupo B. Este desenvolvimento posterior a 1987 irá equipar os jaguar XJR-10/11 de competição Grupo C
1º Motor V6 e 1º com turbo, instalado num jaguar de estrada
Critica generalizada ao excessivamente longo tempo de espera da entrada dos turbos (Turbo Lag longo)
OHC (Overhead Camshaft), Veios excêntricos à cabeça, 4 válvulas p cilindro, Injeção Zytec
542 cv @ 7.000 rpm
644 nm @ 4.500 rpm
Caixa de 5 Vel. Manual
Discos ventilados com pinças AP Racing de 4 pontos
Critica generalizada à fraca performance dos travões
Chassis com estrutura de alumínio e paneis de carroçaria em liga leve (alloy pannels)
Pneus Bridgstone, desenvolvidos para velocidades superiores a 220 mph
1º carro de produção em serie a explorar a concepção de um fundo aerodinâmico com extractor de ar para gerar “downforce” carga aerodinâmica, sem gerar “drag” arrasto ou resistência aerodinâmica.
Aceleração 0 – 100 km/h 3,6 seg
Velocidade Máxima – 349 km/h (217 mph)
Peso 1.470 Kg
Produção 1992 – 1994 – 281 unidades, produzidos nas instalações criadas exclusivamente para o xj220 em Bloxham, Banbury, UK
Sob gestão da ford desde 1990 – o projecto irá ser gerido por Mike Moreton que escreveu um livro intitulado “Jaguar XJ220: the inside story”
Versão de competição XJ220 C – utilizada e desenvolvida pela TWR